Você conhece alguma pessoa mentirosa?
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Você conhece alguma pessoa mentirosa?

Entenda se esta pessoa tem uma doença ou se ela utiliza deste método para tirar vantagens.

 

Existe algum nome específico para quem mente compulsivamente? Qual a classificação para este caso?

A mentira compulsiva, também conhecida como mitomania, é a condição que descreve o comportamento de um mentiroso habitual.

Não existe uma classificação específica para a mitomania, porém, combinada com outros sintomas, ajuda a diagnosticar uma série de distúrbios psiquiátricos que fazem da mentira uma compulsão. São os casos dos pacientes factícios, borderlines, antissociais, histriônicos, narcisistas.

 

Normalmente a sociedade encara as mentiras até como uma “falta de caráter”, mas o que diferencia uma pessoa que mente para tentar uma saída em uma situação e uma pessoa que mente compulsivamente? 

Mentiras, até certo ponto, são recursos usados para ajustar situações e evitar desgastes emocionais imediatos. Essas mentiras ocorrem pela própria incapacidade do mentiroso em lidar com suas emoções.

A mentira compulsiva, por sua vez, interfere no julgamento racional, no relacionamento familiar e, especialmente, social. São pessoas que contam histórias falsas de forma sistematizada, criando fantasias e acreditando que elas sejam reais.

 

Quais são os sintomas dessa mania? Por que essas pessoas mentem tanto?

O mentiroso compulsivo tem uma tendência em se mostrar extremamente feliz, corajoso, esperto, bem sucedido;

As histórias se apresentam sempre de maneira muito favorável, positiva a ele;

A pessoa carrega consigo o tempo todo a necessidade de atenção, aprovação;

Mentiroso compulsivo mente como um hábito, pode esconder a verdade sobre tudo, algumas vezes são pequenas mentiras, outras são muito elaboradas, cheias de detalhes;

Não sente arrependimento em não dizer a verdade e não expressa nenhum valor moral quanto a isso;

O mitômano tem dificuldade em aceitar a própria realidade e também sofre com baixa autoestima.

 

Existem fases da vida que ela se manifesta com maior incidência? 

Não necessariamente, porém, já na infância você começa a perceber quando a criança tem dificuldade de enfrentar algumas frustrações e críticas e acabam mentindo para familiares, amiguinhos, na tentativa de preservar a sua autoimagem. Mas como ainda não possui maturidade mental, essa característica só assume um caráter patológico quando se constata que sua mentira pode ser entendida como verdade sem nenhuma consequência negativa associada. Ou seja, em algum momento de sua vida se beneficiou com esse comportamento tornando-o um hábito e alimentou de maneira que fosse ficando incontrolável, passa a contar cada vez histórias mais incríveis e a tornar disso um comportamento de mentir sem nenhuma finalidade específica.

Um conjunto de fatores associados podem provocar o início do problema, como, histórico de vida, relacionamentos, padrão de relação familiar, genética e experiências vividas.

 

Quais são os prejuízos que essa doença traz para a pessoa?

Há muitos prejuízos que a pessoa tem. Ela começa a transmitir falta de confiança  e a passar por situações embaraçosas nos relacionamentos e amizades, acabando por ser excluída do grupo que frequenta. A mentira começa a se tornar tão grave que eventualmente pode causar problemas de ordem social, psicológica e até legal.

Porém, é importante não confundir um mentiroso compulsivo com um sociopata, o qual mente incessantemente orientado para obter uma vantagem, um ganho, com pouca preocupação com os outros. Sociopatas têm pouca ou nenhuma consideração ou respeito pelos direitos e sentimentos dos outros. Geralmente são encantadores e carismáticos, mas usam suas habilidades e talentos sociais de forma manipuladora e egocêntrica. Enquanto que a maior parte dos mentirosos compulsivos não são necessariamente manipuladores, eles sofrem com seu hábito de mentir, se preocupando com as relações sociais, sob risco de serem quebradas.

 

Como pessoas ao redor do mentiroso compulsivo podem ajudá-lo? Quais os tratamentos indicados para quem sofre desse mal?

O mitômano, apresenta dificuldade em aceitar a própria realidade. Ele tem baixa autoestima, não se aceita. A compreensão das pessoas ao redor do paciente é importante e não devem alimentar a mentira, e sim trazê-lo positivamente à realidade, na tentativa de reinseri-lo socialmente da melhor maneira possível.

O tratamento geralmente envolve acompanhamento psicológico e, no caso de pessoas que também apresentem outros quadros psiquiátricos (como depressão e ansiedade), tratamento medicamentoso pode ser recomendado.

 

Esse comportamento, quando apresentado por pai, mãe, ou familiares próximos, pode influenciar em crianças pequenas? É possível que essa mania seja compartilhada por pessoas do mesmo circulo social?

Sim, pois, as crianças constatam que aquela mentira que está sendo contada pelos pai/mãe pode ser entendida como verdade sem nenhuma consequência negativa associada. E um sentimento de prazer e de poder, pode facilmente incitá-la a repetir o mesmo comportamento.

Sim, esta mentira pode ser compartilhada por pessoas de seu convício mais próximo, como por exemplo, entre pais e filhos, marido e mulher, principalmente na tentativa de não envergonhá-lo ainda mais ou desmerecê-lo perante outros.

 

 

Importante salientar que a doença da mentira não se resolve sozinha, é preciso um acompanhamento psicoterapêutico para ajudar o indivíduo a desenvolver novos repertórios, reforçando relatos verdadeiros e ignorando relatos falsos. Neste contexto trabalha-se a extinção deste hábito disfuncional através do foco na visão distorcida de si mesmo.  – Se você reconhece alguém nesta situação ou até mesmo se vê desta forma mencionada, busque auxílio!